A trajetória de abandono, sofrimento e superação do gaúcho Jorge Luís Martins e retratada pelo autor no livro Meu nome é Jorge, foi o tema central das palestras que o escritor realizou na manhã e tarde de quinta-feira, primeiro dia da Feira do Livro em comemoração aos dez anos do PIM (Programa Primeira Infância Melhor). Jorge emocionou o público ao contar sua trajetória. Nascido em Novo Hamburgo e morador de rua, aos 13 anos de idade ele decidiu ir para Porto Alegre onde teve de lutar muito na superação das dificuldades. “Morei na rua por dois anos”, recordou.
O livro mostra desde o primeiro berço do autor (uma caixa de sapatos) a uma sobrevivência digna. Na obra, Jorge narra a árdua construção de um projeto de vida. Expõe seus caminhos, especialmente os atribulados anos da infância, como menino de rua, até as reflexões de um homem maduro sobre a própria existência. “O que me trouxe tudo isso foi a minha vontade de viver, eu tinha muita fé, acreditava muito em Deus e foi a mão Dele que me ajudou a chegar onde eu cheguei”, disse.
Ao refletir sobre os desafios passados, o autor destacou: “A estrutura familiar é muito importante na vida do cidadão, independente da classe social, da cor ou do credo. Que as famílias dêem carinho e amor. “Meus textos são baseados no que vivenciei na rua. Com eles quero desenvolver o lado cognitivo, afetivo e social das crianças”, explicou o escritor.
Além de Meu nome é Jorge, o autor já publicou mais duas obras: O Menino da Caixa de Sapatos e O menino e seu segredo. Esta última, destinada às crianças, conta a história de uma inusitada amizade entre um menino e um ratinho.
Apoiado e incentivado por amigos, Jorge Martins contou ter outros trabalhos literários em andamento, pretendendo publicá-los aos poucos e que um filme sobre sua história está por vir. Hoje Jorge é formado em Administração, corretor de imóveis, fez curso de inglês avançado e é ator, tendo atuado em filmes como “O Homem que Copiava”, contracenando com Lázaro Ramos.
Ao ser perguntado sobre qual foi a maior lição e o que vai levar para toda a vida com tudo que passou, o escritor responde: “Várias coisas. Acreditar no ser humano, não discriminar ninguém, não ter preconceito, isso eu vou levar pro resto da minha vida. E sempre, na medida do possível, ajudar as pessoas”.