Um protesto de dirigentes de hospitais de diferentes cidades do interior e funcionários da saúde, em frente ao Palácio Piratini, quarta-feira da semana passada, pediu novamente que o governo apresente uma proposta de pagamento dos repasses por atendimento pelo SUS. Segundo a Federação das Santas Casas e dos Hospitais Filantrópicos do RS, que representa 245 estabelecimentos no Estado, se não houver acordo essas unidades buscarão reduzir o volume de atendimento pelo Sistema Único em quase 9% este ano. Será o equivalente a 4,6 milhões de procedimentos a menos, entre exames e diagnósticos, principalmente, ambulatoriais e internações.
“Cada hospital terá que discutir uma redução da assistência”, disse o presidente da Federação, Francisco Ferrer, informando que a crise dos hospitais vem da diferença entre o que custam os atendimentos e o que é pago pelo SUS. Ele afirmou que a situação piorou com a suspensão de repasses complementares (o chamado cofinanciamento) pelo governo do Estado.
Funcionários e direção do Hospital Santa Bárbara, de Encruzilhada do Sul, participaram da manifestação. Também lá estiveram o secretário municipal de Saúde, Pedro Paulo dos Santos Soares, e os vereadores Rosângela Maria Gemeli Nader, Marco Antônio Grandini (Boca da Sucan), Airton Soares Rodrigues (Cabritinho) e Maria Isabel Szczesny de Freitas.
A presidente do Legislativo encruzilhadense, Rosângela Nader, foi convidada a subir no palanque estacionado em frente ao Palácio Piratini, onde estavam deputados, diretores e representantes dos hospitais, reivindicando os repasses. Ela se manifestou apoiando a reivindicação dos hospitais, marcando a participação de Encruzilhada do Sul no evento.
O diretor do Hospital Santa Bárbara, que também é presidente do Sindicato dos Hospitais Beneficentes, Religiosos e Filantrópicos do Vale do Rio Pardo, Celso Teixeira, reclama que além dos repasses atrasados referentes a serviços prestados em outubro e novembro do ano passado e do corte no repasse do cofinanciamento da saúde, o HSB recebeu 50% a menos do valor do teto da Média e Alta Complexidade (MAC) previsto para abril. Segundo ele, R$ 90 mil deixarem de ser pagos à instituição.
Na última segunda-feira, Celso Teixeira esteve participando da reunião da Câmara de Vereadores, quando fez um relato da atual situação enfrentada pelo HSB. Ele lamentou que o governo do Estado não vem honrando um contrato legítimo, assinado depois de passar por todas as instâncias, inclusive a jurídica. O diretor criticou o Executivo estadual, que segundo ele sequer recebe os representantes dos hospitais para dialogar.
Diante da situação, o HSB já pensa em suspender o contato com o fornecedor de um novo tomógrafo orçado em mais de R$ 500 mil. O equipamento que vinha sendo utilizado acabou estragando e o novo seria financiado ao longo de oito anos. Se o governo do Estado não retomar a normalidade dos repasses, o HSB já analisa a redução de atendimentos e demissão de funcionários, que pode chegar a até 20% do atual quadro de 100 colaboradores.